Júlio César corrigiu o caótico calendário romano com novos meses e anos bissextos, apesar de um erro de contagem que quase arruinou o projeto.
No passado, o calendário era uma fonte de confusão generalizada. Em determinado momento, a festa que celebrava a colheita ocorria no meio da primavera, o que não fazia o menor sentido para os agricultores. Na verdade, eles sabiam que ainda faltavam meses para a colheita, mesmo seguindo os rituais estabelecidos no calendário tradicional.
Foi somente com a introdução do calendário juliano, durante o império romano, que a situação começou a se esclarecer. No entanto, apenas com a reforma promovida pelo papa Gregório XIII, em 1582, é que finalmente se estabeleceu o calendário gregoriano que utilizamos atualmente. Essa mudança foi fundamental para ajustar as datas sazonais e garantir que as festividades ocorressem nos momentos adequados do ano, facilitando o planejamento de atividades agrícolas e culturais.
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Calendário: Uma História de Rupturas e Correções
Ele ficou tão desregulado que importantes festivais anuais tinham cada vez menos semelhança com o que acontecia no mundo real. Até que Júlio César (100 a.C.-44 a.C.) quis corrigir esse sistema que não fazia mais sentido. Não era uma tarefa fácil. Era preciso acertar o calendário do Império Romano e ajustá-lo para a rotação da Terra sobre seu eixo (um dia) e sua órbita em torno do Sol (um ano).
Calendário Romano: Uma Adaptação à Realidade
🧮 A solução encontrada por César nos deu o ano mais longo da história. Ele acrescentou meses ao calendário e os retirou em seguida, fixou o calendário às estações e criou o ano bissexto. Foi um projeto enorme, que quase deu errado devido a uma peculiaridade da matemática romana. Estamos em 46 a.C. – o Ano da Confusão. O ano de 46 a.C.
Primeiro Calendário Romano: Uma Visão Alternativa
pode ter sido complicado, mas não tanto quanto o anterior, segundo a professora de história Helen Parish, visitante da Universidade de Reading, no Reino Unido. O primeiro calendário romano era determinado pelos ciclos da Lua e do ano agrícola. Observando com os olhos modernos, a impressão é que está faltando alguma coisa. 🗓️ O ano tinha apenas 10 meses.
O Calendário de Pompílio: Uma Extensão Necessária
Ele começava em março (primavera do hemisfério norte) e o décimo mês do ano – o último – era o que conhecemos hoje como dezembro. Seis desses meses tinham 30 dias e quatro tinham 31. Ao todo, o ano tinha 304 dias.
Reformas e Desafios: Um Novo Caminho
Como ficavam, então, os dias restantes?
‘Os dois meses do ano em que não havia trabalho a se fazer no campo simplesmente não eram contados’, explica Parish.
Em outras palavras, o Sol nascia e se punha, mas oficialmente não havia se passado nenhum dia no primeiro calendário romano.
A Justaposição dos Sistemas: Uma Abordagem Necessária
Em 731 a.C., o segundo rei de Roma, Numa Pompílio (753 a.C.-673 a.C.), decidiu melhorar o calendário romano. Ele acrescentou meses adicionais para cobrir o período de inverno.
Júlio César e Suas Inovações: Um Novo Paradigma
👉🏾 ‘Mesmo esse calendário melhorado de Pompílio ainda fica dessincronizado com as estações com muita facilidade.’ Perto do ano 200 a.C., o calendário estava tão adiantado que os romanos registraram como tendo ocorrido em 11 de julho um eclipse solar quase total observado em Roma no que hoje seria o dia 14 de março.
Um Olhar Crítico sobre as Intercalações: Um Ajuste Necessário
Quando o calendário atingiu esse ponto de ‘erro tão catastrófico’, nas palavras de Parish, o imperador e os sacerdotes romanos recorreram à inserção pontual de um mês ‘intercalado’ adicional, chamado mercedônio, para tentar realinhar o calendário às estações. Mas isso não funcionou muito bem.
Um Novo Horizonte com César: Uma Mudança Radical
Havia, por exemplo, a tendência de acrescentar o mercedônio quando autoridades públicas favorecidas estavam no poder e não para alinhar rigorosamente o calendário às estações. O historiador e escritor clássico Suetônio (69-c.
141) queixava-se de que ‘muito tempo atrás, a negligência dos pontífices havia desordenado muito [o calendário], com seu privilégio de acrescentar meses ou dias segundo sua própria vontade, de forma que os festivais da colheita não caíam no verão, nem o das uvas, no outono.’ O que nos traz de volta a Júlio César. No ano de 46 a.C., já estava programada a inclusão de um mercedônio.
Uma Restauração Necessária: Um Equilíbrio Delicado
Mas o astrônomo Sosígenes de Alexandria, consultor de César, afirmou que o mês adicional não seria suficiente daquela vez. Seguindo o conselho de Sosígenes, César acrescentou mais dois meses nunca vistos antes ao ano de 46 a.C. – um com 33 e outro com 34 dias – para alinhar o calendário ao Sol. Estas adições criaram o ano mais longo da história, com 445 dias, ou 15 meses.
A Consolidação dos Ajustes: Uma Perspectiva de Longo Prazo
Após 46 a.C., o mercedônio, os dois meses novos e a prática de meses intercalados como um todo foram…
Fonte: © G1 – Globo Mundo
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