Cotações triplicaram em 2024 devido à escassez do grão na África Ocidental, custos da indústria em alta e demanda doméstica por itens tradicionalmente consumidos. Novas regras da UE impactaram mercado.
Encontrar formas de adoçar a vida nesta Páscoa tem sido um desafio para muitas pessoas. O aumento no preço do cacau de janeiro a março deste ano complicou ainda mais a situação. Os altos custos da indústria da matéria-prima têm impactado diretamente a indústria de chocolate, tornando o doce mais amargo não só para os consumidores, mas também para os produtores.
A valorização do cacau foi tão expressiva que sua tonelada ultrapassou o valor do cobre nas bolsas internacionais. Apesar das dificuldades enfrentadas, a demanda por essa importante matéria-prima continua alta, incentivando os produtores a buscarem alternativas para manter a produção de chocolates de qualidade. A oscilação nos preços do cacau mostra a importância de se buscar soluções sustentáveis para garantir o abastecimento dessa commodity tão apreciada mundialmente.
Problemas climáticos afetam produção de cacau
Nem mesmo a Nvidia, vedete do mercado de capitais, conseguiu superar a alta acumulada da commodity nos três primeiros meses de 2024. Ontem, a tonelada do cacau até caiu na bolsa de Nova York, para US$ 9.741, diante do movimento de alguns fundos para embolsar lucros generosos. Durante a semana, a cotação dos contratos futuros chegou a superar a barreira dos US$ 10 mil.
Cacau: escassez de matéria-prima e alta demanda
Duas razões justificam o atual cenário. A primeira é a escassez da matéria-prima no mercado global, por causa de problemas especialmente na Costa do Marfim e Gana, dois dos maiores produtores do mundo. Os países registraram quebra de safra por causa de problemas climáticos e também de doenças durante a colheita. As indústrias processadoras acabaram ficando em uma situação difícil, depois que nenhum sinal de alívio na oferta se mostrou suficiente para recompor os estoques.
Demandas e desafios na indústria do cacau
‘Não vejo a demanda caindo com rapidez ou força suficiente para compensar a enorme queda na oferta’, disse Vladimir Zientek, associado da StoneX, à Bloomberg. À medida que os preços sobem nas bolsas, os traders precisam ir ao mercado para comprar novos contratos para cobrir posições vendidas assumidas anteriormente, ou atender as seguidas chamadas de margem da bolsa. O Brasil, que no passado já foi um dos grandes produtores globais de cacau, hoje precisa se abastecer em outras origens para cobrir sua demanda.
Impacto nos preços do cacau e na demanda doméstica
O país produz por ano cerca de 274 mil toneladas de cacau, segundo o último levantamento do IBGE. Para suprir a demanda doméstica, as indústrias precisaram importar 43,3 mil toneladas de cacau em 2023, como realçou a fintech Vixtra. Esse valor foi 5,5% mais elevado que os US$ 2.413 de 2022.
Efeitos nos preços dos produtos de chocolate
Uma pesquisa do Procon-SP com itens tradicionalmente consumidos durante a Páscoa, como ovos, bombons e tabletes de chocolate, mostra cenários distintos. O preço médio do quilo do bombom, por exemplo, subiu 8,76% em relação ao ano passado. Já nos cobiçados ovos de chocolate, houve uma queda de 15,52%, caindo de R$ 318,26 para os atuais R$ 268,87.
Desafios e regulamentações no mercado europeu
Os importadores europeus ainda lutam para comprovar a ‘origem verde’ do cacau que abastece as fábricas. O lobby para que a regulamentação seja adiada tem crescido em Bruxelas. O atraso para a implementação das novas regras é visto pelo mercado como uma das poucas medidas capazes de derrubar os preços internacionais.
Fonte: @ Info Money
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