Relatório denuncia falta de cooperação da Igreja Católica em reparar décadas de abuso, pós-ditadura e direitos humanos.
O governo espanhol está instituindo um mecanismo de reparação para as vítimas de abuso sexual, provenientes de diversos contextos, incluindo o religioso e o educacional. A iniciativa surge como resposta ao alarmante número de abusos sexuais reportados e ratifica o compromisso de combater práticas tão nocivas à integridade das pessoas.
O reconhecimento e a compensação das vítimas de violência sexual e agressão sexual são passos importantes na busca por justiça e amparo daqueles que sofreram as profundas e duradouras sequelas desses atos inaceitáveis. É fundamental que medidas estruturais sejam implementadas para prevenir e coibir futuros abusos sexuais em todas as esferas da sociedade.
Ministério da Justiça Espanhol Recomenda Criação de Fundo Estatal para Vítimas de Abuso Sexual
O ministro da Justiça da Espanha, Félix Bolaños, lançou uma recomendação contundente ao sugerir a criação de um fundo estatal para as vítimas de abuso sexual, apontando a falta de cooperação por parte da Igreja e sua tentativa de minimizar o fenômeno. A influência maciça da Igreja na sociedade espanhola, seja durante ou após o fim da ditadura de direita nos anos 1970, foi destacada como um fator que permitiu décadas de abuso sem que medidas efetivas fossem adotadas.
Em declarações à imprensa, Bolaños ressaltou que a Igreja falhou repetidamente em atender às demandas por reparação e que suas respostas ao relatório variaram significativamente de acordo com a diocese. O ministro enfatizou o compromisso do governo em agir não apenas para reparar danos passados, mas também para prevenir futuros casos de violência sexual.
O esquema proposto pelo governo, com vigência até 2027, prevê uma fórmula ainda em elaboração que poderia exigir da Igreja o pagamento integral ou parcial de compensações financeiras, bem como a oferta de outras formas de reparação simbólica. Bolaños destacou a importância de que a Igreja contribua significativamente para o fundo, reconhecendo sua responsabilidade no enfrentamento do problema do abuso sexual.
Apesar do otimismo do ministro em relação à disposição da Igreja em cooperar, a Conferência Episcopal Espanhola expressou preocupação com um possível enfoque seletivo que exclua vítimas de abusos sexuais cometidos por outras instituições, caracterizando tal abordagem como um julgamento injusto contra a Igreja que não aborda integralmente a questão. A necessidade de uma cooperação ampla e abrangente para lidar com a violência sexual foi destacada como fundamental para o sucesso do plano de reparação.
A iniciativa do Ministério da Justiça espanhol representa um marco significativo na proteção dos direitos humanos das vítimas de abuso sexual e na busca por justiça e reparação. O desafio de enfrentar a herança de décadas de abuso e o papel da Igreja em reconhecer e remediar essas violações são questões urgentes que exigem cooperação e comprometimento de todas as partes envolvidas.
Fonte: @ Agencia Brasil
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