Pesquisa Anbima: 14% da população fez apostas em 2023, 5 mi apostam frequentemente, 22% consideram ‘bets’ investimento.
Recentemente, a Anbima divulgou a 7ª edição da pesquisa Raio X do Investidor Brasileiro. Quando desenhamos esse levantamento, uma das preocupações foi torná-lo flexível suficiente de tal forma a captar novas tendências, percepções e comportamentos da população investidora. O estudo revelou que o cenário de investimento no Brasil está em constante evolução, com mais pessoas buscando informações e oportunidades para aplicar seu dinheiro de forma estratégica.
Além disso, a pesquisa também destacou a importância das aplicações financeiras como uma alternativa de investimento cada vez mais popular entre os brasileiros. Com a diversificação de opções disponíveis no mercado, os investidores têm explorado novas formas de fazer seu dinheiro render, buscando sempre o melhor retorno para suas aplicações. Essa tendência reflete a busca por maior segurança e rentabilidade em meio ao cenário econômico atual.
Investimento: Percepção no Mercado Financeiro
Em edições anteriores, um levantamento procurou identificar se os investidores percebiam diferenças entre os vários atores do mercado financeiro que oferecem orientação, como gerentes de contas bancárias, assessores de investimentos, consultores, entre outros. Ficou evidente que, para a maioria dos clientes, não há distinção. Todos são vistos de maneira uniforme.
Na edição mais recente, uma descoberta surpreendente surgiu durante o mapeamento: 14% da população brasileira, o equivalente a 22 milhões de pessoas, realizaram apostas em 2023 nas chamadas ‘bets’, plataformas de apostas predominantemente voltadas para esportes. Além disso, 5 milhões de indivíduos afirmaram fazer apostas com frequência.
Ainda mais interessante, 5 milhões, ou 22% dos apostadores, consideram as ‘bets’ como uma forma de aplicar seu dinheiro pessoal. Ao apresentar essa parte da pesquisa ao mercado financeiro, é impossível não notar expressões de surpresa, desaprovação e até certo desprezo em relação a esse segmento da população.
Afinal, a primeira bolsa de valores do Brasil foi estabelecida em 1851 no Rio de Janeiro e, de acordo com dados da B3 de fevereiro de 2024, atualmente há 5 milhões de pessoas com algum investimento em renda variável. O próprio estudo Raio X revela que apenas 4% da população, pouco mais de 6 milhões de indivíduos, investem seus recursos em fundos de investimento.
Deixando de lado os preconceitos, a questão relevante para o mercado financeiro é: quais lições podem ser extraídas das ‘bets’ para atrair a atenção e os recursos dos investidores para as reais opções de investimento disponíveis no mercado? Diversas lições, algumas relacionadas ao comportamento e outras à estratégia de comunicação e operações, podem indicar os caminhos que o setor financeiro poderia seguir para se tornar mais atraente e acessível à população.
É inegável que as ‘bets’ utilizam o viés de familiaridade para atrair clientes, associando-se à atividade esportiva, especialmente ao futebol. Em um país onde o futebol é uma paixão seguida por milhões (os torcedores dos quatro maiores clubes do Brasil somam 114 milhões), investir em algo familiar proporciona aos apostadores uma sensação de controle e segurança, já que é algo que acompanham há anos.
Como criar essa familiaridade com os principais instrumentos de investimento? Certamente não é chamando o fundo de investimento mais conservador de ‘Fundo de Renda Fixa de Baixa Duração’. Afinal, o que significa ‘duração’ para o investidor? É hora de revisitar a classificação dos fundos de investimento para torná-la mais acessível e, consequentemente, familiar à população.
Outro aspecto que o caso das ‘bets’ ajuda a desmistificar é a linguagem, especialmente o uso de termos em inglês.
Fonte: @ Valor Invest Globo
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