Joe Biden está considerando afrouxar regulamentos federais sobre a cânabis, buscando simpatia dos jovens e mudanças na tributação.
Joe Biden surpreendeu a todos ao optar pela utilização de maconha durante a disputa contra Donald Trump. Este gesto trouxe à tona questões sobre a legalização da maconha nos Estados Unidos, especialmente em um momento em que a sociedade busca por alternativas no tratamento de diversas condições de saúde.
O presidente, anteriormente conhecido por sua postura rígida em relação às drogas, agora está prestes a promover mudanças significativas na regulação federal da cânabis, um passo importante rumo à aceitação e à pesquisa sobre os benefícios dessa substância. A utilização de maconha por Biden representa a evolução de seu pensamento sobre o assunto, demonstrando uma abertura para debater questões antes consideradas tabu.
Movimento para recuperar a simpatia dos jovens e apoio a Israel
O movimento é visto pela campanha como uma oportunidade de recuperar a simpatia dos jovens, grupo essencial para a vitória em 2020, mas que vem se distanciando de Biden por seu apoio a Israel na guerra Israel-Hamas.
Presidente Biden defende afrouxamento da regulação federal da maconha
Um gesto simbólico importante ocorreu no início de março, quando o presidente entrou para a história como o primeiro a defender o afrouxamento da regulação federal da maconha no tradicional discurso Estado da União.
Crescente apoio à legalização da maconha
Sob aplausos de seus colegas de partido, ele destacou que instruiu seu governo ‘a revisar a classificação federal da maconha e expurgar milhares de condenações por mera posse, porque ninguém deve ser preso simplesmente por usar ou ter isso em seu registro’.
Mudança na opinião pública e a legalização da maconha
Há duas décadas, uma menção do tipo seria impensável para um candidato em ano eleitoral, mas a opinião da população mudou tanto que, hoje, o tema está longe de ser polêmico: 70% dos americanos afirmam que o uso de maconha deve ser legalizado, segundo pesquisa Gallup realizada em outubro.
Legalização da maconha e mudanças na tributação
Atualmente o uso recreativo da maconha é legal em 24 estados, e o medicinal, em outros 12. Alguns preveem novos plebiscitos sobre o tema neste ano. Embora os estados tenham autonomia para regulamentar a droga, ela ainda é banida a nível federal -mudar isso exige aprovação do Congresso, algo ainda considerado improvável.
Redução da carga tributária e estratégias de combate ao crime
Assim, a atitude mais importante tomada por Biden nessa seara foi abrir caminho para a reclassificação da cânabis de uma substância nível 1 (grupo que abarca heroína e LSD, por exemplo) para nível 3 (categoria onde estão analgésicos como o Tylenol e esteroides).
Apoio popular e mudanças na regulação da maconha
À parte o gesto simbólico, o maior efeito prático da reclassificação é a redução da carga tributária sobre negócios ligados à maconha. Hoje, a receita federal americana taxa o lucro bruto dessas empresas, mas se a substância migrar para o nível 3, a alíquota vai recair sobre o lucro líquido (receita menos despesas). O setor afirma que isso pode reduzir os impostos pagos em 70% ou mais.
Facilitação da compra de maconha medicinal e respaldo popular
Outra consequência esperada é facilitar a compra de maconha medicinal, porque não seria mais necessário apresentar uma prescrição médica, afirmam os advogados Matt Zorn e Shane Pennington, autores da ‘On Drugs’.
Impacto eleitoral e simpatia dos jovens
A reclassificação é apoiada pela maioria da população (58%) e mais ainda por aqueles com até 26 anos (65%), segundo pesquisa conduzida em outubro pela Lake Research Partners, uma consultoria encabeçada por Celinda Lake, que trabalhou na campanha de Biden em 2020.
Eleitores-pêndulo e terceira via
Para ela, os jovens são nesta eleição um grupo de eleitores-pêndulo, ou seja, que podem ser persuadidos a votar em qualquer um dos partidos. Além disso, os jovens se destacaram por serem mais suscetíveis a olhar para uma terceira via e por serem o maior grupo que não gosta de nenhum dos dois candidatos.
Simpatizantes dos palestinos e estratégias políticas
‘E este grupo é incrivelmente favorável e intenso nessa questão [maconha]’, afirmou Lake em entrevista ao site Politico. Em 2020, Biden superou Trump entre eleitores com menos de 30 anos por uma margem de 24 pontos percentuais. Essa vantagem pode cair para 12 pontos, segundo pesquisa New York Times/Siena College realizada no final de fevereiro.
Importância da maconha na agenda política e mesa redonda na Casa Branca
O mesmo levantamento aponta que 51% do grupo diz simpatizar mais com os palestinos -é a única faixa etária em que essa posição é majoritária. Preocupa também os democratas quantos simplesmente deixarão de ir às urnas. Assim, a campanha passou a dar realmente importância à maconha no final do ano passado, após a eclosão da guerra em Gaza.
Desde então, Biden tem falado mais frequentemente sobre o tema em seus discursos e emitiu em dezembro uma segunda rodada de perdão presidencial a pessoas condenadas criminalmente por posse e uso simples de maconha a nível federal -a primeira foi em outubro de 2022. No mês passado, a vice-presidente Kamala Harris promoveu uma mesa redonda na Casa Branca sobre a política para a maconha.
Participaram da conversa o rapper Fat Joe, o governador de Kentucky, Andy Beshear, o diretor de engajamento público do governo, Steve Benjamin, e algumas pessoas que receberam perdão federal. Na ocasião, ela chamou a proibição federal de ‘absurda’.
Fonte: © TNH1
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