Centenas protestam em Hamburgo contra presidente argentino. Milei recebe medalha de grupo neoliberal ligado a políticos ultradireitistas.
Centenas de manifestantes protestaram neste sábado em São Paulo, no sudeste do Brasil, contra o presidente da Argentina, Milei, que esteve na cidade para participar de um evento promovido por uma fundação neoliberal que mantém conexões com políticos de ultradireita. A mobilização para o protesto foi organizada por grupos da comunidade argentina e latino-americana, entidades não governamentais brasileiras e movimentos de esquerda.
Em meio à agitação, os manifestantes expressaram sua indignação com a presença de Javier Milei em solo brasileiro, destacando a preocupação com a influência de ideologias extremistas na região. As vozes contrárias ao presidente argentino ecoaram pelas ruas da cidade, demonstrando a resistência da sociedade civil diante de discursos polarizadores. A diversidade de origens dos participantes refletiu a união de diferentes grupos em prol da democracia e dos direitos humanos.
Milei e Olaf Scholz: Uma Reunião Breve
No domingo, Javier Milei se encontrou rapidamente com o chanceler federal Olaf Scholz, em uma visita que teve seu cronograma drasticamente reduzido nos últimos dias. A homenagem prestada por um grupo ligado à ultradireita foi marcada por faixas com mensagens como ‘Miséria Neoliberal‘. Ativistas se reuniram em frente ao hotel onde Milei foi agraciado com a medalha da Sociedade Hayek, uma fundação criada em 1998 com o propósito original de promover ideias liberais do renomado economista austríaco Friedrich Hayek (1899-1992). Ao longo dos anos, a sociedade ganhou contornos controversos com a entrada de membros do partido de ultradireita Alternativa para a Alemanha (AfD), em um movimento descrito por um antigo membro liberal como uma ‘infiltração por reacionários’. Como resultado, diversos antigos membros liberais se afastaram da sociedade na década de 2010.
Protestos e Manifestações Contra Milei
Paralelamente aos protestos em frente ao hotel onde Javier Milei foi homenageado, aproximadamente 400 pessoas, conforme a emissora regional NDR, marcharam exigindo o cancelamento da entrega da medalha. Os manifestantes empunhavam cartazes com frases como ‘Milei não é liberdade, é fascismo’ e ‘A Argentina não está à venda’. Essas ações fizeram parte do chamado ‘mês anti-Milei’, uma série de eventos convocados em diversas localidades da Alemanha por uma coalizão de organizações argentinas e alemãs. O ciclo de protestos contra o presidente da Argentina culminou em Berlim, no sábado, com um ‘festival da democracia’ que incluiu aulas de tango e apresentações musicais ao vivo.
A Conturbada Visita de Milei a Berlim
Enquanto os principais jornais alemães retratavam a visita de Milei como a de um ‘convidado difícil’, a agenda do argentino em solo alemão foi reduzida. Após receber a Medalha Hayek em Hamburgo, Milei seguiu para Berlim, onde se encontrou com o chanceler federal Olaf Scholz no domingo. A reunião, originalmente planejada como uma visita de trabalho mais extensa, acabou sendo abreviada devido à recusa do presidente argentino em conceder entrevistas à imprensa.
Polêmicas e Especulações
A decisão de Milei de encurtar sua estadia na Alemanha gerou especulações e controvérsias. O porta-voz do governo alemão, Steffen Hebestreit, explicou que a visita foi reduzida a pedido do presidente argentino, que se recusou a participar de uma coletiva de imprensa conjunta com Scholz. Hebestreit ressaltou que o chanceler alemão mantém relações com diversos líderes mundiais, sendo mais próximo de alguns do que de outros, inclusive aqueles considerados ‘parceiros difíceis’. A imprensa alemã também levantou a possibilidade de que o encurtamento da visita estivesse relacionado aos comentários de Milei sobre o primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, considerados ‘de mau gosto’ pelo governo alemão.
Fonte: © G1 – Globo Mundo
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