Equipe do Babbel identifica erros comuns em português: crase, casar-se, abismo, menor escolaridade, preconceito, norma culta.
‘Vi no Facebook uma mulher dizendo que se casaria com o primeiro homem que soubesse usar crase, porém não são apenas os homens que cometem equívocos. As mulheres também!‘, adverte a linguista Camila Rocha Irmer, uma das responsáveis por analisar as falhas de português no Babbel, um dos principais apps de aprendizagem de idiomas do mundo.
Os equívocos linguísticos são mais comuns do que se imagina e podem surgir em qualquer contexto, seja em uma simples conversa ou em um texto formal. É importante estar atento para evitar incorreções que possam comprometer a comunicação, tanto na escrita quanto na fala. Além disso, é fundamental buscar corrigir as falhas cometidas, aprimorando assim a habilidade linguística de forma contínua.
Equívocos comuns na língua portuguesa: crase, por quês e mais
Ela menciona um dos equívocos mais frequentes entre os falantes do português brasileiro – quando usar a crase? – juntamente com as dúvidas sobre os ‘por quês’ e outras incorreções. ‘É algo complexo de explicar. Acredito que essas falhas ocorrem devido a uma distância entre o que escrevemos e o que falamos’, afirma à BBC Brasil. Existem os ‘erros de sempre’, mas Irmer destaca que também há questões que variam a cada ano. Em 2017, por exemplo, a incerteza sobre o uso de ‘há’ e ‘a’ surgiu mais vezes no aplicativo do que no ano anterior. ‘Estamos agora alcançando um público com menor escolaridade que não busca apenas aprender idiomas estrangeiros, mas enfrenta problemas com o português. Recebemos muitas mensagens, através do aplicativo, de pessoas que estão estudando português ao aprender outro idioma.’ ‘A língua está em transformação. Tomamos cuidado ao afirmar que esses são equívocos de escrita, para evitar qualquer tipo de preconceito sobre ‘falar assim é errado”, alerta a linguista. ‘Há diversas formas de se falar regionalmente, o que é comum, mas ao escrever, a preocupação recai sobre a norma culta.’ A equipe de linguistas e educadores do Babbel, a pedido da BBC Brasil, compilou uma lista das incorreções mais comuns entre os falantes de língua portuguesa em 2017. Veja a relação: 1. ‘Entre eu e você’ Os especialistas recomendam utilizar ‘entre mim e você’ ou ‘entre mim e ti’. Após uma preposição, deve-se empregar ‘mim’ ou ‘ti’. Por exemplo: Entre mim e você não há segredos. 2. ‘Mal’ ou ‘mau’ ‘Mal’ é o oposto de ‘bem’, enquanto ‘mau’ é o contrário de ‘bom’. Em caso de dúvida, os especialistas sugerem substituir o advérbio pelo seu oposto na frase para verificar qual faz mais sentido. Por exemplo: Ela acordou de bom humor; Ela acordou de mau humor. 3. ‘Há’ ou ‘a’ ‘Há’, do verbo haver, indica passado e pode ser substituído por ‘faz’. Por exemplo: Nos conhecemos há dez anos; Nos conhecemos faz dez anos. Já o ‘a’ refere-se à distância ou a um momento futuro. Por exemplo: O hospital mais próximo fica a 15 quilômetros; As eleições presidenciais acontecerão daqui a alguns meses. 4. ‘Há muitos anos’, ‘muitos anos atrás’ ou ‘há muitos anos atrás’ Utilizar ‘Há’ e ‘atrás’ na mesma frase é redundante, pois ambos indicam passado. O correto é optar por um ou outro. Por exemplo: A erosão da encosta começou há muito tempo; O romance começou muito tempo atrás. Sim, isso significa que a música ‘Eu nasci há dez mil anos atrás’, de Raul Seixas, está incorreta. 5. ‘Tem’ ou ‘têm’ Tanto ‘tem’ como ‘têm’ são conjugações do verbo ‘ter’ no presente. No entanto, o primeiro é empregado no singular e o segundo no plural. Por exemplo: Você tem medo de mudança; Eles têm medo de mudança. 6. ‘Para mim’ ou ‘para eu’ Ambos podem estar corretos, mas se a frase continua com um verbo, deve-se utilizar ‘para eu’. Por exemplo: Mariana trouxe bolo para mim; Caio pediu para eu curtir as fotos dele. 7. ‘Impresso’ ou ‘imprimido’ Com os verbos ‘ser’ e ‘estar’, a recomendação é utilizar ‘impresso’.
Fonte: © G1 – Globo Mundo
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