Famílias de pescadores distribuem água, alimentos e produtos de higiene em comunidades tradicionais, usando barcos de pesca como moradia.
LEONARDO FUHRMANNSÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Desde junho do ano passado, as enchentes têm impactado severamente a vida dos moradores da região sul do Brasil. As constantes chuvas têm causado transtornos para os pescadores da lagoa dos Patos, no Rio Grande do Sul, impossibilitando-os de realizar suas atividades diárias de pesca.
Neste mês, as embarcações, que antes eram utilizadas para a pesca de linguado, tainha e camarão, agora são vistas navegando pelas ruas alagadas da região, auxiliando no resgate de moradores ilhados devido aos alagamentos. A comunidade local tem se unido para enfrentar as consequências das enchentes, buscando soluções criativas para lidar com a situação de emergência.
Enchentes: Desafios e Solidariedade em Meio às Inundações
Além de desempenharem o papel crucial de distribuir água potável, alimentos e produtos de higiene para as comunidades tradicionais afetadas pelas enchentes, as equipes de resgate se depararam com uma nova realidade: esses locais tornaram-se moradias improvisadas para as famílias de pescadores. Com as residências alagadas, alguns pescadores decidiram permanecer em seus barcos, garantindo assim a proximidade com suas comunidades e a preservação de seus instrumentos de trabalho.
Outros pescadores optaram por acampar em barracas nas áreas mais elevadas dos povoados, enquanto uma parcela concordou em se deslocar para abrigos ou habitações de dois andares, mesmo com o térreo submerso pela água. A dificuldade em mudar para as casas de parentes é evidente, uma vez que também foram afetadas pelas enchentes, e a resistência em deixar as colônias não se limita ao medo de roubo de seus poucos pertences, mas também à manutenção dos laços comunitários.
Viviane Machado Alves, presidente do Movimento dos Pescadores e Pescadoras Artesanais do Estado do Rio Grande do Sul, residente na Ilha dos Marinheiros em Rio Grande, exemplifica a solidariedade em meio à crise. Acampada na parte alta do território, utiliza seu barco para prestar assistência às outras comunidades, fornecendo água potável, alimentos e produtos de higiene. A dependência de água de poço artesiano torna-se um desafio com a inundação, pois muitos poços estão submersos, impossibilitando o funcionamento das bombas.
Além da pesca, as comunidades baseiam-se na agricultura familiar, especialmente na produção de hortaliças, atividade também impactada pelas enchentes. A FURG (Universidade Federal do Rio Grande) mobiliza esforços para auxiliar os povos tradicionais a atender às necessidades dos residentes ribeirinhos.
A dificuldade de acesso aos serviços públicos e de assistência social é evidente, conforme relatado por Viviane em carta aberta enviada às autoridades competentes. A falta de retorno à atividade profissional, somada à destruição de várias comunidades, agravam a situação dos pescadores artesanais gaúchos.
Os desafios não se limitam às moradias e aos equipamentos de pesca perdidos, mas estendem-se aos problemas de saúde, como o aumento de doenças respiratórias devido às enchentes. A falta de atendimento médico adequado é uma realidade, como exemplificado pela escassez de equipes médicas em áreas isoladas, como a ilha onde reside Viviane.
Impactos Econômicos e Sociais: Pescadores Artesanais em Tempos de Crise
A paralisação da pesca artesanal desde o ano passado devido ao defeso, período de reprodução dos peixes, agravou a situação dos pescadores, que enfrentam uma pausa prolongada em suas atividades. A suspensão da pesca entre junho e setembro, aliada às recentes enchentes, resultou em prejuízos significativos para a comunidade pesqueira, que se vê impedida de gerar renda e sustentar suas famílias.
Fonte: © Notícias ao Minuto
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