Pesquisadores veem descobertas sobre qualidade do sono como chave para tratamentos direcionais que melhorem a memória.
Diversas pesquisas já relacionaram a qualidade do sonho a um melhor estado de saúde geral. Agora, um novo estudo sugere que a memória de longo prazo pode ser afetada pela privação de sonho. Além disso, mesmo uma boa noite de sonho após uma noite mal dormida não é o suficiente para corrigir o sinal cerebral relacionado à memória.
Em meio a tantas descobertas sobre a importância do sonho para a nossa saúde, fica evidente que dormir bem é fundamental para o funcionamento adequado do nosso corpo e mente. Cuidar da qualidade do sonho pode ser a chave para uma vida mais equilibrada e produtiva. Afinal, a ciência cada vez mais confirma a relevância de uma boa noite de sonho para o bem-estar geral.
Sonho: A Importância da Qualidade do Sono para a Memória
A descoberta recente, publicada na revista científica Nature, destaca a relevância do sonho no processo de formação da memória. Para Kamran Diba, neurocientista computacional da Escola de Medicina da Universidade de Michigan, as descobertas recentes podem abrir caminho para tratamentos direcionais visando melhorar a memória no futuro.
Os neurônios do cérebro, interligados de maneira complexa, disparam em padrões coordenados durante o sono, incluindo a ondulação de ondas agudas. Esses padrões de atividade cerebral ocorrem principalmente no hipocampo, região crucial para a consolidação da memória de longo prazo. A comunicação entre o hipocampo e o neocórtex durante esses momentos de sincronia neuronal é fundamental para a formação e retenção das memórias.
Estudos anteriores já haviam observado a ocorrência dessas ondas agudas durante o sono profundo e também durante a vigília. Durante o sono, essas ondulações desempenham um papel essencial na conversão de informações de curto prazo em memórias duradouras. Para compreender melhor como a privação de sono afeta esse processo, os pesquisadores monitoraram a atividade cerebral de ratos enquanto exploravam labirintos ao longo de várias semanas.
Os resultados revelaram que os ratos privados de sono apresentavam níveis de atividade de ondas agudas semelhantes ou até superiores aos dos ratos que dormiam normalmente. No entanto, essas ondulações eram menos intensas e menos organizadas nos ratos privados de sono, indicando uma alteração nos padrões de disparo neuronal. Após um período de recuperação do sono interrompido, os padrões neurais retornaram ao normal, porém não atingiram a mesma eficiência dos ratos que não foram perturbados durante o sono.
Segundo Loren Frank, neurocientista da Universidade da Califórnia, o processamento pós-experiência é crucial para a consolidação das memórias. Estudar excessivamente antes de um teste ou passar a noite em claro pode prejudicar esse processo, conforme destacado por especialistas no campo. György Buzsáki, renomado neurocientista da NYU Langone Health, ressalta que a interrupção do sono pode impactar a forma como memórias traumáticas são armazenadas a longo prazo. A qualidade do sono emerge como um fator determinante para a saúde cognitiva e a formação adequada das memórias.
Fonte: © CNN Brasil
Comentários sobre este artigo