Especialistas em perfeccionismo recomendam técnicas para acalmar o crítico interior dos jovens, diante do aumento das expectativas influenciadas por influenciadores de redes sociais.
Yuxin Sun, psicóloga em Seattle, tem a oportunidade de conversar com diversos clientes que afirmam não se identificar com o perfeccionismo. Apesar disso, conforme relata Sun, o perfeccionismo não está relacionado apenas a ser impecável em alguma área específica, mas sim com a constante busca por atingir um patamar de excelência inalcançável. Em suas sessões, ela percebe que muitas pessoas têm dificuldade em lidar com a pressão do perfeccionismo em suas vidas.
Às vezes, o desejo de ser impecável pode se transformar em uma obsessão pela perfeição, criando um ciclo difícil de ser quebrado. Sun enfatiza que é importante reconhecer essa tendência e buscar um equilíbrio saudável entre o perfeccionismo e a autoaceitação. Aceitar que a jornada rumo à excelência inclui desafios e momentos de aprendizado é crucial para o desenvolvimento pessoal e a superação da autocrítica incessante. A busca pela evolução constante deve estar alinhada com a compreensão de que a perfeição absoluta é uma meta inatingível.
Desafios do Perfeccionismo na Atualidade
Com o crescente aumento das taxas de perfeccionismo, há uma atenção especializada em analisar os impactos desse desejo de ser impecável na sociedade contemporânea. O perfeccionismo pode provocar uma obsessão pela perfeição, resultando em uma autocrítica constante que mina a alegria e a satisfação pessoal. Thomas Curran, renomado professor de psicologia, destaca que o perfeccionismo socialmente prescrito é um dos principais influenciadores desse fenômeno, pressionando indivíduos a corresponder às expectativas externas de perfeição.
A medida do perfeccionismo tornou-se mais evidente com o uso de escalas de medição, como a Escala Multidimensional de Perfeccionismo, que revela um aumento significativo nas taxas de perfeccionismo ao longo das décadas. Esse aumento das expectativas, em conjunto com as pressões do ambiente familiar e acadêmico, além da presença constante de influenciadores de redes sociais e publicidade, contribui para a construção de uma cultura onde a busca incessante pela perfeição pode se tornar prejudicial.
A análise detalhada desse cenário revela que a autocrítica, muitas vezes exacerbada pelo perfeccionismo, pode levar à insatisfação contínua e à sensação de inadequação. Esse ciclo vicioso de busca pela perfeição pode resultar em uma corrida sem fim em direção a um padrão inalcançável, onde a alegria e o contentamento são constantemente adiados pela autocrítica constante.
Estratégias para Lidar com a Pressão do Perfeccionismo
Nesse contexto, focar em estratégias que ajudem a controlar a autocrítica e a lidar com a pressão do perfeccionismo é essencial para promover o bem-estar emocional. Os especialistas recomendam práticas como o distanciamento, que consiste em alterar a forma de interagir com pensamentos negativos.
O distanciamento, segundo o psicólogo Ethan Kross, é uma ferramenta fundamental para reduzir a intensidade do diálogo interno crítico. Ao projetar-se no futuro e questionar a relevância dos eventos atuais em um prazo mais longo, é possível ganhar uma nova perspectiva sobre as preocupações do presente. Esse exercício de deslocamento temporal auxilia na diminuição da ansiedade e na relativização dos desafios enfrentados.
Além disso, evitar o uso da linguagem em primeira pessoa ao lidar com situações desafiadoras pode oferecer uma abordagem mais compassiva e objetiva. Substituir autocríticas por reflexões construtivas, como reconhecer erros sem se depreciar, é uma forma eficaz de promover a autorreflexão e a autoaceitação.
Portanto, diante da complexidade do perfeccionismo na sociedade contemporânea, é fundamental adotar estratégias saudáveis para gerenciar a autocrítica e cultivar uma mentalidade de crescimento e aprendizado contínuo. A busca pela excelência deve ser equilibrada com a compreensão de que a imperfeição faz parte da jornada de autodesenvolvimento e que o valor pessoal não está condicionado à perfeição, mas sim à resiliência e ao aprendizado constante.
Fonte: @ Estadão
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